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Channel: Cênicas
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Janeiro em versão mais enxuta

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Sebá, o homenageado, em "Olha pro céu, meu amor". Foto: Divulgação

 
Em sua 23ª edição, o Janeiro de Grandes Espetáculos - Festival Internacional de Artes Cênicas de Pernambuco apresenta este ano, entre os dias 12 a 29 de janeiro, uma programação em que mescla algumas estreias com a sua tradicional retrospectiva de espetáculos do ano anterior. Desta vez, a grade do festival se divide entre produções de teatro adulto e infantil, espetáculos de dança e circenses, além de leituras dramáticas e shows musicais. O evento, que vem galgando sua consolidação, foi contemplado, em 2016, na categoria Melhor Projeto ou Evento de Incentivo ao Teatro, com o prêmio de abrangência nacional Cenym, realizado pela Academia de Artes no Teatro do Brasil. Na ocasião, outro representante pernambucano, o Teatro de Santa Isabel, conquistou a categoria de Melhor Teatro do ano.

A curadoria do festival optou por espetáculos que despertassem discussões a respeito do atual contexto sociopolítico e econômico do país – inclusive porque a diminuição de investimentos destinados a áreas como educação e cultura interfere diretamente em festivais como este. Em sua maioria, os espetáculos do JGE fazem reflexões políticas proeminentes, referências a figuras e períodos marcantes da história e questionam temáticas em pauta atualmente, como o papel da democracia e a ascensão de certos discursos conservadores e machistas.

Segundo Carla Valença – que faz a produção e curadoria do Janeiro junto a Paula de Renor e Paulo de Castro –, o festival visa, desde a origem, ativar os espaços teatrais do Recife e fomentar a valorização da classe artística local. “Hoje está um pouco diferente, mas, na época, existia uma lacuna grande na cidade em termos de atividade e programação cultural, principalmente na área das artes cênicas. Os teatros ficavam ociosos. A base mesmo, a maioria dos espetáculos, é local e, ao longo dos anos, foi se ampliando até receber espetáculos internacionais também”, afirma a produtora. Inclusive, o evento atualmente integra o Núcleo de Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil. “A gente procura, todos os anos, espetáculos que mostrem uma contextualização da nossa arte, nossa cultura e das questões sociais. Este ano a gente está fazendo o festival com aproximadamente 30% do orçamento do ano passado que já foi reduzido.” O JGE conta com o incentivo do Governo do Estado, através do Funcultura, e o apoio da Prefeitura do Recife e do Sesc.

HOMENAGEM
Nesta edição, o festival será dedicado ao artista sertaniense Sebastião Alves, radicado em Caruaru. “É uma grande honra, tive esse privilégio de ser filho natural de Sertânia e chegar a ser cidadão desse 'país Caruaru', como diria Nelson Barbalho. [ele recebeu, em 2016, o título de cidadania caruaruense pela Câmara Municipal] É uma honra em vida, assim como essa homenagem do Janeiro”, afirma Sebá. A abertura do festival, na noite do dia 12 de janeiro (quinta-feira), no Teatro Santa Isabel, com a peça Olha pro céu, meu amor, de autoria de Vital Santos e música de Josias Albuquerque, terá o ator no elenco com o Grupo Feira de Teatro Popular.

No enredo da história, um compositor caruaruense viaja para o Rio de Janeiro com o sonho de que Roberto Carlos grave suas canções. “Nós estreamos no Festival de Inverno de Campina Grande, nos anos 1980. Vital Santos escreveu esse espetáculo baseado na minha vida. Eu fui operário do metrô, saí de Sertânia querendo arrumar um emprego para comprar uma casa para minha mãe e Vital escreveu que era um poeta que saía de Caruaru com um sonho de encontrar Roberto Carlos. Mas meu sonho, mesmo quando saí de Sertânia, era de ser artista e fugi para Caruaru, estou aqui até hoje, não troco nem pela Broadway", reforça Sebá em entrevista à Continente.

Sobre a escolha do homenageado, Carla Valença afirma: "O trabalho dele todo é dedicado às artes cênicas, é um ator que tem uma trajetória consistente no teatro. A gente escolheu homenageá-lo para divulgar cada vez mais esse trabalho”. Com uma carreira teatral iniciada em 1979, quando chegou a Caruaru, ele é hoje responsável, sendo também fundador, pelo Teatro de Mamulengos Mamusebá e pela Cia. Pernas pra Circular. Desde 2009, ele ensaia e monta os figurinos, os cenários e outros materiais dos espetáculos na garagem de sua casa. Além disso, o trabalho de formação para as novas gerações sempre fez parte da trajetória do artista. "Os mestres de hoje têm que preparar as crianças. Eu faço oficinas de confecção e manipulação, para crianças e adolescentes, com o papel marchê e talha de bonecos na madeira para adultos. A gente primeiro desenvolve um trabalho de conversa e consciência para usar cada material, mas ninguém se arriscar. A mãe de todos esses projetos é a Feira de Teatro Popular de Caruaru. Sou filho dela, da época de Vital Santos.”

Para acessar a programação completa do festival, clique AQUI.


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